O avanço da internet mudou a forma de trabalho de muitas profissões e com o jornalismo não seria diferente. Publicações impressas disputam audiência com mídias digitais e produções independentes. Rádios disputam a audiência com aplicativos de streaming de música, e as televisões brigam pela atenção do público com redes sociais, aplicativos de streaming de vídeo e com jornalistas freelances — que antes estavam no ar nas mesmas emissoras pelas quais agora brigam para se destacar de forma individual.
Pois afinal, as formas de apresentar informações mudaram. A atividade jornalística nas redes sociais tende a atender a maior parte do público das plataformas e se adaptam ao mesmo tempo em que a notícia é compartilhada, obedecendo a uma linguagem mais objetiva.
As publicações são acompanhadas de links direcionando para as matérias nos portais dos veículos, com o texto de legenda e com a interação do público, que reage às postagens tanto nos comentários quanto no compartilhamento em suas redes pessoais.
Na era digital, o jornalismo precisa mais que informar: precisa engajar com seu público, e tornar a audiência parte da narrativa, pois um público engajado participa na construção do conteúdo os trazendo ao jornalista e após espalhando o conteúdo jornalístico. O engajamento orgânico é o fator diferencial no jornalismo digital.
Os mecanismos de busca também mudaram a forma como se produz conteúdo. Aprendemos que em grandes veículos de mídia que a notícia se baseia no formato pirâmide invertida, em que o lead deve apresentar todas as informações cruciais do texto. Hoje é preciso se atentar a técnicas de SEO e métricas de alcance e algoritmos de cada rede social, pois cada uma tem seu próprio modo de procura, às vezes por categorias, às vezes por hashtags e também constam os posts patrocinados.
As novas áreas, proporcionadas e potencializadas pela internet, somados à perda da força dos meios convencionais e à mudança no perfil e hábitos dos consumidores, têm levado as empresas a buscarem formas inovadoras de comunicação com seus públicos.
O público mudou de plataforma
Com o número cada vez maior de usuários em redes sociais é compreensível a busca por novas maneiras que façam o público ter acesso às informações, visto que o jornalismo tende a se adaptar às novas formas de comunicação da sociedade.
O Facebook, maior rede social do mundo, que no Brasil é a rede número com adesão do público (2021) com 135 milhões de usuários, se tornou uma maneira dos veículos jornalísticos se aproximarem cada vez mais do público, principalmente os jovens, e divulgar suas notícias e reportagens.
No YouTube, vemos que a audiência que antes era da televisão convencional tem agora migrado para um entretenimento mais pessoal. As pessoas preferem a liberdade de ver o que quiserem, na hora que quiserem, em streaming. Como um filme preferido, um show, um evento esportivo importante ou até mesmo notícias. Mais de 96% dos usuários de redes sociais no Brasil utilizam o YouTube regularmente, disputando (até superando) a audiência com a maior rede de TV do país.
Em 2020, com a pandemia, o watchtime do conteúdo em streaming cresceu como nunca, sobretudo nas TVs conectadas (CTV). O lado positivo para os anunciantes nessas plataformas é o ganho de espaço para se conectar com seu público prioritário, incluindo as pessoas que cada vez mais trocam a TV tradicional pelas plataformas de streaming.
O Instagram também não ficou pra trás nessa onda, e agora o seu foco principal também são os conteúdos em vídeo. O investimento do Instagram em vídeos não é de hoje. Em 2018, por exemplo, o app lançou o IGTV, e mais recentemente o Reels. A tendência de conteúdo de vídeo e streaming é tão grande e promissora que o Instagram tem em sua plataforma a live monetizada, em que o criador de conteúdo pode receber incentivo monetário tanto quanto pelos usuários que o acompanham, como pelo próprio Instagram.
Aceleração da informação com o indivíduo conectado
Com a popularização dos smartphones e da internet, a troca de informações ficou mais acelerada. As assessorias de imprensa, por exemplo, trocam o modo antigo para a venda de pautas e investem em mais proximidade com jornalistas via aplicativos de trocas de mensagem.
Uma entrevista pode ser conduzida e acompanhada com o uso apenas de um celular, que pode ser transmitida ao vivo, editada e postada nas redes em tempo real, em diversas plataformas simultaneamente.
Para encontrar uma fonte ou pessoa para ilustrar uma matéria existem grupos em redes sociais que se dedicam a selecionar essas informações. Qualquer indivíduo com um celular se torna um cinegrafista amador. A distribuição da informação é em tempo real, seja a cobertura de um evento ou a apuração de uma informação disseminada nas redes sociais.
Há três tipos de relações das redes sociais formadas na Internet com a produção jornalística:
- as redes sociais como fontes produtoras de informação
- redes sociais como filtros de informação;
- redes sociais como espaços de reverberação dessas informações.
Além das publicações tradicionais na rede social, o compartilhamento de stories na plataforma ajudou ainda mais no domínio do Instagram na preferência da população. Essa ferramenta possibilita o usuário publicar uma foto ou vídeo disponível por 24 horas em seu perfil, logo após o período determinado a publicação desaparece. Entre os veículos jornalísticos que utilizam a ferramenta, poucos ainda destacam os fatos mais relevantes explorando o conteúdo em vídeo.
E a população recorre nas redes às grandes mídias para ter acesso à confirmação da veracidade dos fatos, consequentemente mais completo, que ofereça vídeos, imagens e gravações; tudo que trouxer mais credibilidade à informação.
Cabe a cada veículo de comunicação entender a dinâmica de informação atual e buscar novas possibilidades que evitem a perda de público e que consolidem a sua atuação no cotidiano das pessoas.
As mudanças tecnológicas continuarão mudando a forma como produzimos e consumimos conteúdo e cabe aos veículos e os profissionais de comunicação se adaptarem a estas mudanças para se manterem relevantes, pois já existem softwares capazes de ler dados e transformá-los em notícias, mas apesar disso vivemos em um mundo polarizado em que as fake news se disseminam, o jornalismo orgânico é cada vez mais necessário, afinal o que jornalistas fazem é contar histórias e produzir conteúdo, basta usar as novas ferramentas disponíveis para continuar alimentando as conversas.
Ainda que se veja ameaçado com a amplitude da internet, o jornalismo tem que saber lidar com as inovações que vem avançando na sociedade. Assim fez o meio impresso com o surgimento da instantaneidade do rádio, da mesma forma que esse o fez com a chegada da televisão e seu apelo audiovisual. Também é o que todos esses meios vêm fazendo com a dominação de território da web comunicação, adaptando seus jeitos de comunicar e informar.
Não há um padrão definido para o jornalismo na era digital, cada plataforma demanda um conteúdo e cada jornalista tem certa liberdade de passar o que precisa para o público. E essa é a mágica do momento que vivenciamos, a mudança constante, o aprendizado em conjunto, os desafios diários mas sempre mantemos o mais importante, a comunicação democrática entre todos.
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