A Globo deu mais um passo importante rumo ao futuro da televisão brasileira. No último dia 29 de abril, a emissora inaugurou, no Rio de Janeiro, a primeira estação piloto da DTV+, também chamada de TV 3.0. A novidade marca o início de uma nova geração da TV aberta, mais conectada, interativa e personalizada.
Instalada no Pico do Sumaré, a estação vai funcionar de forma experimental, com autorização temporária da Anatel e do Ministério das Comunicações. Nesta fase inicial, o sinal digital cobre áreas da Zona Sul e da Barra da Tijuca e será acessado apenas por profissionais do setor, com equipamentos específicos.
Mas o que muda com a DTV+?
A DTV+ representa muito mais do que uma atualização técnica. Ela leva para a TV aberta recursos que hoje só vemos no universo digital: conteúdos personalizados, interatividade em tempo real, múltiplos ângulos de câmera, estatísticas na tela, enquetes e até a possibilidade de escolher o áudio que você quer ouvir — como apenas o som da torcida em um jogo de futebol.
Tudo isso poderá ser acessado via um aplicativo da própria plataforma, com login do usuário. Isso significa que a TV aberta entra de vez na economia digital: será possível oferecer publicidade segmentada, adaptada ao perfil e localização de cada pessoa. Dois telespectadores assistindo ao mesmo programa poderão ver anúncios completamente diferentes.
Qualidade de cinema na sua casa

Nada disso acontece no improviso. Para escalar essa produção e garantir eficiência, a tecnologia é aliada indispensável para estruturar processos que permitam operacionalizar os cortes e de maneira padronizada inserir a publicidade. Plataformas como o Crabber têm se mostrado especialmente úteis nesse cenário e carregam cases em grupos que estão no top five das maiores receitas dos grupos de comunicação do país. Elas permitem que emissoras automatizem ou agilizem o processo de corte de vídeos, delimitando os trechos mais relevantes e instantâneamente subindo os vídeos para transformar em conteúdo digital para redes sociais.
Mas não para por aí. Essas ferramentas também possibilitam a inserção de publicidade de forma inteligente: pequenos anúncios, vinhetas, marcas d’água e chamadas promocionais podem ser inseridos nos vídeos sem comprometer a experiência de quem assiste. O foco é preservar o ritmo do conteúdo e manter o usuário engajado, enquanto se gera valor comercial.
Com isso, o que antes era uma tarefa artesanal e demorada — escolher o trecho, editar, adaptar para cada rede — se torna parte de um fluxo ágil e integrado. É uma solução que não apenas economiza tempo, mas que também dá escala a uma estratégia que promete ser decisiva para o futuro da comunicação audiovisual.
Desafios e oportunidades para empresas de comunicação
Além dos recursos interativos, a DTV+ também promete uma baita evolução na qualidade da imagem e do som. A nova tecnologia vai transmitir em 4K com HDR e áudio imersivo — algo próximo da experiência do cinema, mas direto no sofá da sua casa, sem pagar assinatura.
E tudo isso, vale lembrar, mantendo uma das maiores forças da TV aberta: a gratuidade.
Para o setor de publicidade, a DTV+ é uma revolução. Pela primeira vez, será possível usar a inteligência do digital com o alcance massivo da TV aberta. A inserção dinâmica de anúncios (ou DAI, na sigla em inglês) vai permitir campanhas muito mais estratégicas, direcionadas por perfil, região ou até interesse. A televisão entra no jogo com as mesmas armas das redes sociais e das grandes plataformas digitais — mas com um trunfo a mais: o alcance de milhões de lares brasileiros.
E o que vem pela frente?
Os testes da Globo com a DTV+ fazem parte de uma jornada que começou há quatro anos no Fórum SBTVD, responsável por coordenar o desenvolvimento da nova geração digital no Brasil. A expectativa é que as transmissões comerciais comecem em 2026, com foco inicial nos mercados do Rio de Janeiro e de São Paulo — coincidindo com grandes eventos, como a Copa do Mundo daquele ano.
Mas o impacto vai além das telas de casa. Totens de mídia out-of-home (OOH) também poderão receber o sinal da DTV+ direto da antena, sem precisar de internet. Isso abre um leque de possibilidades para levar conteúdo e publicidade até mesmo a regiões com pouca conectividade.
A Globo vê a iniciativa como um marco estratégico. Em um momento em que a disputa pela atenção do público é acirrada, a TV aberta se posiciona como uma plataforma digital de massa — gratuita, interativa e adaptada aos novos hábitos de consumo. Como resumiu Raymundo Barros, diretor de Tecnologia da Globo: “A TV aberta domina 60% da audiência domiciliar em todas as telas. Com a DTV+, ela passa a oferecer todas as ferramentas das grandes mídias digitais.”
Ou seja: a televisão que a gente conhece está mudando — e isso não significa que vai desaparecer. Muito pelo contrário. Ela está se reinventando.