Ao longo dos três dias de feira cerca de 14 mil pessoas passaram pelo pavilhão azul do Expo Center Norte, em São Paulo, para conhecer as novidades exportas por 90 empresas do segmento audiovisual. O evento, que vem na esteira da NAB Show — que ocorre em Las Vegas no mês de julho — ficou menor este ano. Antes os stands ocupavam um espaço consideravelmente maior no pavilhão.
O congresso também retornou com menos público. Foram 1200 participantes, ante os cerca de 2000 das edições passadas. O conteúdo, no entanto, foi bem atual. Os temas mais relevantes giraram em torno da tecnologia 5G, que já começou a operar em algumas capitais do país; o futuro da TV e da mídia, cujo segmento está em constante e profunda transformação; e tecnologias que proporcionam operações e serviços em nuvem, streaming e temas relacionados.
Confira os destaques que vimos na feira deste ano!
TV 3.0
Com o avanço dos serviços de streaming a TV aberta e por assinatura precisaram se reinventar nos últimos anos para continuar tendo relevância. Uma das tendências que deve se concretizar nos próximos anos é a TV 3.0, que une o conteúdo de televisão com serviços de streaming — como a interatividade.
Atualmente já temos disponíveis opções no mercado para proporcionar ao público o que é chamado de TV 2.5 (com alguns recursos avançados de interação com o usuário). Nesta versão, já foi possível ver na feira opções nacionais que disponibilizam uma camada de software em cima dos vídeos exibidos. Desta forma o público pode interagir com os programas ao enviar uma mensagem, responder a enquetes, ter opções de programas relacionados e até de ir aos serviços de streaming com apenas um clique.
Do ponto de vista do mercado publicitário, com a inovação a TV agora será capaz de coletar dados dos usuários e gerar métricas assertivas — tal qual nas plataformas digitais. A publicidade exibida nas TVs poderá ser customizada, tornando-se mais relevante para cada pessoa de acordo com o perfil de consumo.
A previsão para a chegada da TV 3.0 ficou para o ano de 2024, mas alguns expositores já levaram uma prévia para os stands da SET, inclusive com o recurso de áudio 3D — experiência que promete revolucionar a experiência de áudio, que será mais realista, permitindo que o público perceba o deslocamento dos elementos em cena.
A tecnologia é conhecida como Atmos (diminutivo de átomo) e já está operando em cerca de 6 mil salas de cinema ao redor do mundo. O protocolo responsável por essas mudanças será o MPEG-H.
O conteúdo também poderá ser segmentado geograficamente, seguindo critérios estabelecidos regionalmente, além de permitir uma troca de TV para streaming (e vice-versa) de forma suave e integrada. A tecnologia também já é preparada para receber conteúdo de realidade virtual.
Para conhecer mais sobre a TV 3.0 você pode acessar os resultados dos testes realizados pelo Fórum SBTVD.
Soluções em nuvem
Não é de hoje que as soluções em nuvem aparecem como destaque no cenário do segmento broadcast. Nas feiras passadas, assim como a NAB Show e IBC Show, as empresas que proporcionam serviços relacionados à computação em nuvem ganham cada vez mais destaque a cada nova edição.
Nesta categoria de computação em nuvem podemos fazer a distinção de soluções SaaS (software as a service), propriamente com serviços em nuvem para melhoria da usabilidade, criação de novos serviços finais e adaptação ao modelo de negócios digital — aqui se encontra o Crabber; e soluções que são dedicadas ao segmento de streaming, e, portanto, estão em nuvem — dedicadas à adaptação das TVs para os modelos digitais, como é o caso do app Globo Play.
Na primeira categoria destacamos o Crabber como uma solução inovadora para transformar o conteúdo linear em não linear, fazendo a distribuição em tempo quase real (near-live experience) para redes sociais, apps de streaming (OTTs), sites (CMS) e outros destinos customizáveis. O Crabber foi a única empresa especializada em live video clipping presente na SET Expo 2022.
Já na categoria serviços em nuvem destacamos a soluções MAM + OTT da Media Portal. A empresa que atua há mais de 15 anos realizando a gestão dos fluxos de mídia de grandes produtores de conteúdo integrou o MAM (Media Asset Management) à plataforma de exibição cloud, possibilitando que emissoras de TV criem o seu próprio “Netflix” de forma fácil e sem retrabalho para publicação do acervo.
Tecnologia 5G
Na área de transmissão/contribuição fora do estúdio a tecnologia móvel de 5ª geração promete revolucionar o mercado com a banda de até 20 gigabits/s (teórica) e a baixa latência (entre 5 ms e 20 ms). Nos testes realizados em São Paulo (capital) foi possível fazer download a taxas de até 500 Mbps — bem superiores ao 4G, mas ainda longe da capacidade máxima de 10 gbps.
Como poucas cidades já contam com o 5G e mesmo nos grandes centros ainda há um gap de cobertura as discussões acerca da conectividade ainda estão mais na teoria do que sendo aplicadas na prática. A própria conexão móvel no Expo Center Norte sequer funcionava devido ao grande volume de pessoas no local.
Neste quesito é um ponto para a organização do evento, que conseguiu disponibilizar internet com velocidade suficiente para fazer demonstrações de sistemas e acesso aos serviços de internet.